quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Ser poeta


Descobri que ser poeta

Não é perder-se em meio a palavras bonitas,

Nem, ao menos, achar-se entre os elogios feitos aos belos escritos...

Não é saber construir rima ou aliteração...

Ser poeta já traz implícito...

É ser

Simplesmente Ser.

E o ser não apenas escreve “poesia”

Lê poesia

Ou diz “poesia”

O ser vive poesia.

Faz um verso de cada dia,

Estrofes de cada etapa,

E um lindo poema no fim da vida.

Assim, podem-se deixar mil escritos...

Mas o poema que o deixará na história

É justamente aquele...

Construído na aspereza

Ou alegria

De cada amanhecer...

Meu coração

Cheguei a pensar que meu coração fosse viniciano,

Outras vezes pensei que fosse florbeliano,

Imaginei, ainda que pudesse ser maiakovskiano,

Cheguei a pensar que ele fosse, simplesmente, pós-moderno.

Não,

Meu coração não tem estilo.

Adapta-se ao vazio de modo belo

E no moldar-se de cada dia

Constrói suas muralhas que buscam alcançar o céu...

Talvez o resultado seja o mesmo da Torre de Babel

(ou não).

Quem sabe alcance o céu azul,

E num dia de chuva possa sentir as gotas mais grossas,

Possa tocar as nuvens cinzas e desmanchá-las como algodão...

Quem sabe alcance o céu

E possa conhecer São Pedro,

Santa Clara,

Santo Diego,

Todos os santos que na terra falam...

E se a muralha bem alta for,

Quem sabe meu humilde coração possa marcar uma audiência com Deus,

Partilhar suas angústias,

Suas dores...

E, quem sabe, Deus possa receitar um remédio

Que cure o mal que dominou meu presidiário coração.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Olhares que fazem gemer

De dor, de alívio, de prazer,

Fixados nas imagens que não marcam,

Imagens simples, vagas, ou sem sentido,

Imagens que passam.

PAI

Teus olhos sempre apontaram meus erros e meus acertos

Tuas mãos calejadas sempre me fizeram refletir

Antes de reclamar de meu trabalho

Tuas histórias sempre me fizeram olhar para o céu e agradecer pela minha vida maravilhosa...

Tua vida

Tua experiência

Teu exemplo

Sempre me levaram para um caminho de lutas e conquistas

Porque me ensinaste a enxergar nos olhos as respostas

A usar as minhas mãos para as batalhas

E a usar minhas palavras a cada vitória...

Ensinaste-me a ser alguém verdadeiramente humano

Alguém que erra

Mas reconhece seu erro.

Alguém que machuca

Mas aprendeu a pedir perdão.

Alguém que vence

Mas também sabe perder.

Alguém que pede

Mas sabe agradecer.

Sim pai

Foste tudo isso e mais aquilo que palavra alguma consegue registrar...

Foste meu guia

Minha luz...

Hoje és mais,

És, para mim, divino

És rei

Majestade...

Podes me pedir que eu te darei.

Porque hoje não posso te exigir mais que um forte abraço,

E, através dele, já posso sentir toda a energia que passaste durante todos esses anos de ensinamento.

Obrigada Pai,

Pelo meu pai.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Grão

O consolo é a efemeridade.

Cada grão que escapa por entre os dedos

Não será lembrado em sua essência.

Apenas um grão

Caído

Esquecido

Em algum caminho obscuro...

Com a mão cerrada

Aperto os grãos que me restam

Chegando a esmagá-los, a sufocá-los,

Num gesto de desespero...

Tenho a sensação de que minhas veias vão explodir.

Não importa!

Que venham dores,

Cores fortes escorrendo pelo chão,

Cansaço nos músculos,

Marcas de unhas.

O meu futuro está seguro,

O efêmero não mais levará meus grãos.

Labirinto

Labirinto
"Labirinto" me reporta a curvas, traços sinuosos de uma curva em volta de si mesmo, sensualidade sombreada por uma muralha de tijolos de pano, vestes que escondem, protegem mas também aprisionam...rs"