domingo, 30 de março de 2008

Lembranças


Amanheceu... e uma chuva de lembranças do visto e do não vivido invadiu-me o peito como os raios solares que penetram a pele quando não se há bloqueio. Belas imagens passando fotograficamente pela minha mente. Mas onde fica a minha mente? Na cabeça? No coração? Nas pernas? Meu corpo todo sente. No tempo quente sinto aquele frio que percorre minha matéria inteira. São “apenas” lembranças do não vivido... que vão se misturando com saudades, ânsias, vontades exacerbadas. Lembranças do que vivo e do que viverei.

Deixaste Morrer

Por que não teus pés?
Ou tuas mãos?
Tinha que ser teus olhos?
Por que não foi tua perna direita?
Teu braço esquerdo?
Ou até mesmo o coração?
Mas, os olhos... os olhos não...
Por que deixaste isso acontecer?
Por que não lutaste com os membros que permanecem intactos?
Por que não usaste essa força que te faz aceitar a tua situação atual?

Oh! Não... teus olhos...
Tua visão de mundo...
Como deixaste quebrar-se
Deixaste morrer em ti
A única coisa que comprovava a existência de tua alma...

Deixaste morrer teus olhos,
Deixaste morrer tua alma...

Crime


Chuva de idéias e tormentos
Banhando corpo e alma
Desejos fúteis
Obrigações exacerbadas

Encarcerada sem direito à cela especial
Perdida entre culpas diversas
Crimes inafiançáveis

Delito contra si
Destruição do próprio coração
À queima roupa

Mente inerte
Corpo sem forças
Coração despedaçado

Eis o fim de uma batalha
Vestir-me-ei para a próxima.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Obra Prima

Encarcerada em meu casulo
A vida me leva a folhear páginas
Que por hora procuro inutilmente compreender...
As palavras, antes belas, fascinantes,
Perderam o brilho pra você.

Preferiria folhear você...
Como se fosse uma história de suspense
Na qual eu pudesse viajar a cada expressão lida.
Viajaria sem rumo
Buscando descobrir cada curva, cada traço...
Deixaria as minhas mãos percorrerem pelo teu corpo
Tentando arrancar ao menos um suspiro teu.

Leria corpo e alma,
Interpretaria teus movimentos
Discutiria teus prazeres...

Cada página, uma descoberta,
Um sentimento novo aflorando suavemente,
Uma marca deixada nas páginas folheadas.

Quem me dera ler-te,
Quem me dera ter-te em minhas mãos e acariciá-lo sem medo
Percorrer as tuas linhas com olhos e palavras...
Fazer da tua felicidade a minha.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Ontem...

Na tua ausência
Viajei com Robinson Crusoé
Estive em alto-mar
Vivendo as perturbações de uma tempestade,
Pudera eu estar contigo,
Enfrentando a tempestade de mãos dadas
Ouvindo aquelas doces palavras
Que só tu tens sensibilidade para me dizer.

Saudades de ti...
Das noites em que obedecíamos nossos corações,
Vivendo tudo aquilo que sonhamos viver,
Fortificados pelo poder das palavras...
Saudade do que não vivemos,
Das lembranças que idealizamos construir...
Vontade angustiante de ultrapassar os limites de tempo e espaço
Simplesmente para desejar-te “boa noite”.

Mas, estou com Robinson Crusoé,
E, hoje, ele é meu consolo
Até eu adormecer na ânsia de acordar
Para novamente viver o nosso sonho!

segunda-feira, 10 de março de 2008

Evolução

Estou vencendo a cegueira...
Não necessariamente voltei a enxergar,
Mas encontrei uma maneira de ver o mundo...
É só eu fechar os olhos... e, então, vejo tudo o que desejo.

Quanta beleza vejo,
Vejo um caminho longo e belo,
Árvores gigantes,
Crianças correndo,
Vejo luzes...

Chego a sentir um vento forte batendo em meu rosto.
Tudo me parece real...
Por isso escolhi este mundo para viver.

Cegueira


Estou cega!
Caminho tropeçando em pedras, objetos...
O mundo surge em minha frente, mas não o vejo.
Ontem bati a cabeça
Hoje machuquei o joelho
E amanhã, meu Deus, o que será?

Minha alma está fraturada
E a angústia se apossa de meu corpo
Que transpira no frio.

Como não pude perceber antes?
Estou cega!

Se tivesse percebido poderia ter me esquivado, me protegido,
Poderia ter repousado num lugar tranqüilo
Poderia ter evitado dores, machucados...

Estou cega!
Cegueira eterna, talvez.
Não posso ver, mas o meu consolo é ainda poder sentir.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Olhares

Os teus olhos estavam negros
Negros como a noite que encobria nossos corpos
Tão negros quanto os meus pensamentos sobre o nosso futuro
Negros como a parte do meu coração que a ti pertencia.

Os teus olhos estavam longe
Longe como aquela estrela apagada,
Longe como a terra nunca antes pisada,
Longe como o futuro feliz que me aguarda.

O teu olhar estava inquieto
Como de uma criança que está ganhando a visão,
Inquieto como o de uma pessoa sem direção
Inquieto como a minha alma nesse instante.

Percebi o desencontro dos nossos olhares
Que não tinham nem um ponto neutro em comum
Meu olhar triste e desanimado
O teu buscando um novo rumo.

O tempo vai passar,
E um dia eles vão se reencontrar,
Mas o olhar nunca mais será aquele que se idealiza encontrar...

Labirinto

Labirinto
"Labirinto" me reporta a curvas, traços sinuosos de uma curva em volta de si mesmo, sensualidade sombreada por uma muralha de tijolos de pano, vestes que escondem, protegem mas também aprisionam...rs"