sexta-feira, 25 de abril de 2008

O tempo passou


7 nunca foi, para mim, um número bom. Talvez, por isso, tenha surgido (não do nada), uma forte lembrança do que acontecera há 7 meses. O tempo passa, os corações acalmam e a mente se acostuma com a ausência. E, assim, a vida continua...o sol desponta no horizonte da mesma forma que antes. A revolta perde seu lugar para um sentimento sereno e tranqüilo que se alimenta de lembranças boas, simplesmente lembranças. E aquele sentimento de inquietação, ânsia de justiça, indignação... parece que é jogado ao mar como cinzas...
Sonho com o dia em que nossas dores sejam armas contra todos os sinais de morte em nosso meio... armas contra aquilo que afeta nosso irmão hoje e pode nos afetar direta ou indiretamente amanhã... sonho com o dia que nossas dores nos incomodem mais a ponto de tornar-nos melhores lutadores, com mais fortaleza, garra, disposição e sem medo.
Enquanto esse dia não chega, vamos perdendo nossas preciosidades... nossa esperança, nossa alegria... enfim, as pessoas que passam, ficam ou marcam nossas vidas...todas, com sua devida importância. Saudades, Conceição!

terça-feira, 22 de abril de 2008

Foste...


Chegaste feito brisa
Sumiste feito fantasma
Entre o “vir” e o “ir”
Foste mais que o sumiço do “v”.

Capaz de construir uma muralha
Enfeitada de rosas pintadas por tuas mãos
Criaste uma barreira gigante
Que nem espaço sobra para se lutar em vão.

Início cores,
Início flores,
Final dores!

Tentaste apaziguar cada instante
Com o dom de proferir palavras belas...
E assim contornava cada sonho
Com pincel de poesia
Tinta verde e harmonia.

Desenhaste com leveza
Fadas, bruxas e duendes
Maçãs, janelas e espelhos,
Chuva, mar, caminhos...
Construindo um mundo fantástico
Impossível de destruir...

No entanto, saíste do mundo
Deixaste-me só
Por mais que eu veja cores
E flores
Falta vida,
Falta amor.

domingo, 20 de abril de 2008

Tempo


O tempo vai se fechando pontualmente como os antigos portões de embarque. Cada pessoa no horário e espaço previsto. Correria para não se atrasar. O tempo vai moldando corpo e alma, deixando marcas visíveis e abrindo frestas pelo caminho percorrido. Constrói tendas para o descanso, disponibiliza carroças para a cavalgada, empresta sandálias para a caminhada...
Tão coerente, correto, sério, sincero e fiel. Capaz de curar feridas graves, sem prescrição de drogas ou qualquer produto químico que afete além dos neurônios a alma. Capaz de rejuvenescer o espírito, fortificar o corpo, alimentar a mente. Capaz de vencer os medos que insistem em cambalear, bêbados, pelas estradas da vida.
E assim posso imaginar, ver e sentir os portões fechando...e junto com ele o medo aumentando, a vida correndo, as casas passando, a lembrança aflorando e tudo se confundindo, como se os objetos se misturassem aos sentimentos... como se os sentimentos ganhassem forma, se tornassem concretos... e tudo o que os meus olhos vissem, afetasse diretamente minh’ alma.
Vejo os portões fechando e sinto minhas pernas pararem diante do fato. O peso de cada uma me impede de ir adiante... me obrigam a estacionar em espaço perigoso, não propício à reflexão. Resta-me parar... enfrentar perigos e esperar meu espírito ficar leve para ver se ainda há tempo, antes do portão se fechar.

sábado, 19 de abril de 2008

O queres de mim?

Querem me formatar!!!
Me selecionar,
Talvez até me deletar!

Querem definir minhas formas,
Minhas curvas,
Meus pontos.

Querem me transformar
Me fazendo chorar,
E ter receio de mim.

Quando vão entender?
Sou assim...
Desligada,
Despreocupada,
Desregrada,
Des...
Ah!!! Todos os des ...possíveis....

Não te obrigo a amar-me
Mas tenho o direito de ser eu.

Ai meu Deus!
Pronto, eu não posso ser eu.
E agora?

Serei qualquer coisa,
Uma máquina, talvez,
Na qual se aperte uma tecla,
E pronto,
Faço tudo na mais plena perfeição?

Quero ter vida...
Errar,
Acertar,
Cair,
Me reconstituir.

Quero ser humana.
Luto para isso todos os dias.

Você quer isso,
Eu quero aquilo...
Vai entender?
Vou viver...
Tentar esquecer do que tu queres de mim.


Palavras





















Quanto vale cada palavra?
Vale mais que pensamentos?
Mais que lembranças?
Que tormentos?

Qual a força de uma palavra?
É capaz de construir sentimentos, assim como destrói?
Aliviar dores emocionais?
Costurar corações despedaçados?

Quando se deve esquecer das palavras?
Quando não nos fazem bem?
Quando nos dizem a verdade indiscretamente?
Quando saem livremente da boca, da alma e do coração?

Quando precisamos de uma palavra?
Quando o beijo não mais responde?
Quando olhar já se esconde?
Quando a angústia invade o peito?

Quantas palavras são necessárias...
Para se convencer alguém de um sentimento
Para ser convencido em meio a um tormento
Que nada acontece em vão?

Tantas palavras são ditas,
Sentidas,
Interpretadas,
Vividas,
Sem se pensar....

Palavras pequenas,
Grandes,
Simples,
Complexas,
Nunca deixam de ser belas
E avassaladoras.
Palavras, quem bem soubesse usá-las
Levaria sempre consigo,
Como triunfo,
Arma,
Ou escudo.

Palavras... simplesmente palavras....

Túnel


Disseram-me:
-No fim do túnel existe uma luz.
Caminhei incansavelmente tentando encontrar o que me deram esperança de existir... mas não enxerguei nem mesmo o túnel. Encontrei somente um labirinto... aquele no qual já me perdi tantas vezes e que, mesmo assim, ainda não desvendei a saída. Parece-me que o labirinto está em constante transformação, movimenta-se, balança, me deixa zonza, não consigo fugir...
Quem dera se eu tivesse achado o túnel, ao invés do labirinto... eu seria capaz de caminhar léguas para achar essa luz, que por algum momento tive a ilusão de existir...
Talvez, quando eu encontrar a saída, ainda tenha forças para buscar o túnel... mas para isso é preciso que não me canse aqui nesse labirinto, que aos poucos escurece, anoitece, entristece... quero encontrar o túnel, quero encontrar a luz!

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Leve-me


O barulho de tuas ondas me dá a certeza da efemeridade das coisas. Olho cada onda com cautela e apreciação, porque sei que não as verei mais. Isso me anima e me entristece. Quisera eu poder ver mais de uma vez aquelas ondas belas e altas, que trazem consigo uma brisa suave.
Difícil aceitar que tudo é efêmero... a onda nunca será a mesma. Pudera eu acompanhar ao menos uma onda em seu percurso... e com ela enfrentar o mar alto, o vento forte e a profundeza do mar. Descobrir o que há além do que nossos olhos alcançam, enxergar o intocável, sentir a água pura e cristalina no meu corpo. E, assim, eu acompanharia esta onda até os confins do mundo, pela vida inteira, sem importar que destino teríamos, por quais mares passaríamos, nem o que encontraríamos no caminho. Simplesmente seguiria a correnteza do mar e me deixaria levar sem medo.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Angústia

Multidão que atormenta a mente
Embaraça a alma
Cansa o espírito

Barulho em meio ao silêncio
Gritos de tormento
Angústia, tristeza, dor...

Alvoroço invadindo o corpo
Calor
Cansaço
Tontura.

Não se sabe em que estação desceu a realidade,
Se ela se perdeu na feira,
Ou no centro da cidade...
Nem se sabe, ao menos, se vale a pena se saber onde se perdeu.

Viver de fantasia?
Talvez seja a mais sensata solução!

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Minha dor...

Estou com raiva de você,
Deixaste marcas terríveis em mim...
Dores inquietantes,
Nenhum remédio foi capaz de curar.

Deixaste-me sem jeito,
Muitas vezes até sem palavras.
A poesia parecia afastar-se de mim,
Por sua culpa,
Sua tão grande culpa...

Minha voz perdeu o tom,
A beleza,
A suavidade.

Tive que me adaptar a uma nova vida...
As pessoas me olhando surpresas...
Com sorrisos de piedade ou desdém...
Culpa sua!!!!

Mas o consolo é que tudo passa,
Embora seja só o começo
Ainda tenho fé que um dia me livro
De você... maldito aparelho!!!

Descoberta

Descobrir-te foi a melhor façanha realizada por mim...
Descobrir seu corpo,
Descobrir sua alma...
Enfim, descobrir-te...

Nunca imaginei descobrir terra tão rica,
Farta de preciosidades que estão acima de qualquer matéria...
Preciosidades que nunca tive a oportunidade possuir...
Raridades que pretendo guardar no meu museu de sentimentos.

Queria mostrar ao mundo minha descoberta,
Mostrar aos suicidas que a vida tem sentido,
Que é preciso ter esperança,
(Ou não,)
Para que assim possamos encontrar nosso tesouro perdido.

Queria poder pegar na tua mão,
Olhar nos teus olhos,
E dizer que descobri a ti e a mim...

Você, a descoberta maior,
Ouro que brilha e faz brilhar meus olhos só em sonhar com o encontro,
Alegria que me faz idealizar o amanhã,
Força que, mesmo longe, está ao meu lado, alimentando minha alma, meu espírito.

Através de ti, pude me descobrir...
Descobrir-me como mulher,
Como companheira,
Como amante.

Ah!!! Como foi gostoso te descobrir,
Descobri as tuas metáforas,
A beleza de tuas palavras,
E o que há escondido nas tuas imagens...

Descobrir-te, realmente, foi façanha...das melhores!

Labirinto

Labirinto
"Labirinto" me reporta a curvas, traços sinuosos de uma curva em volta de si mesmo, sensualidade sombreada por uma muralha de tijolos de pano, vestes que escondem, protegem mas também aprisionam...rs"