quarta-feira, 28 de maio de 2008

Distância impiedosa

Quando não vens, no palco se fecham as cortinas,
O sol se põe em surdina,
O dia acaba sem histórias para contar...

Quando não vens, minha boca seca impiedosamente,
A luz dos meus olhos parece apagar,
Meu sorriso torna-se pálido,
Meu destino é dormir e, talvez, sonhar.

Quisera eu que viesses todas as noites,
Sem eu pedir ou implorar,
Viesses com um sorriso estampado no rosto,
Viesses de braços abertos para me amar.

Maior desejo meu, na verdade, é que nem precisasses vir...
Que já estivesses aqui
Todos os dias
Todas as noites
Sem despedidas ou angústias ao te esperar...

Bom seria se nessa vida
Tivéssemos o poder de ultrapassar
Todos aqueles limites que nos afastam
Da pessoa que escolhemos para amar.

sábado, 24 de maio de 2008

A muralha

Ainda há tempo...
Tempo de reconstruir a muralha
E de fazer dela a proteção de nossas vidas.

Há tempo para erguê-la,
E fazer uma belíssima obra de arte.

Resta tempo para encostarmos na muralha
Durante as tardes de domingo
Deitarmos no ombro e conversarmos sobre a vida.

Ainda há tempo de elevarmos nossa cabana aos pés da muralha,
E nela construirmos nossas vidas,
Criarmos nossos filhos,
Fazer dela o nosso lar.

Acredito que sobra um tempinho ainda para fazermos quadrilha perto da muralha,
E decorá-la com bandeiras de São João.

Tempo pra fazer festa,
Dançar ao redor da fogueira,
Comer tapioca...

Há tempo para tudo,
Mas é preciso antes construir a muralha.
A muralha que protege, que sustenta, que dar sombra.

A muralha que nos impede de ver o que há por trás.
Que faz com que vivamos em paz.

Mas não esqueçamos...
Construir a muralha é preciso
Viver não é preciso!

O último

O início foi muito perto do fim.
O último aceno,
O último olhar,
As últimas palavras,
O último abraço,
E aquele sentimento de coração apertado,
Esteve bem próximo do primeiro beijo,
Do primeiro abraço,
Do primeiro olhar,
Das primeiras descobertas...

O consolo é que o último nem sempre dura para sempre.
“Os últimos serão os primeiros”
Já diziam nossos antepassados.
E levo esse ensinamento como minha lei.
Os últimos instantes podem ser convertidos em primeiros de muitos,
Desde que dentro de nós exista este sentimento de continuidade
De eternidade,
Mesmo que seja uma eternidade enquanto dure...

quarta-feira, 21 de maio de 2008

O desaparecimento

O que era brisa tornou-se tempestade
E o que estava transparente tornou-se obscuro.
Meu olhar ficou incapaz de ver além...
E meus sentidos pareciam falhos.

O chão afastou-se de meus pés,
As nuvens uniram-se numa mesma direção.
A chuva caindo na escuridão
Trazia barulhos posteriores à claridade.

Meus pensamentos, desorganizados, esforçavam-se para alcançar terra firme.
Meu peito, apertado, esforçava-se para não desabar...
Mas a dor aumentava progressivamente
E o mundo parecia parar...

Não existia sorriso,
Alegria,
Harmonia,
Nem sinais de bondade...

Tudo era triste,
Grotesco,
Arrasador.

E assim ia sumindo coisa a coisa
Até restar o vazio,
O vencedor!

quinta-feira, 15 de maio de 2008

O vaso

Dentre tudo o que parecia fantasioso e absurdo apareceste
Fora desconstruindo o concreto, o sério, o previsível
E unido a mim foste capaz de criar e recriar meu mundo
Fazendo-me sonhar e acreditar que podemos usar nossas mãos para modelar o futuro.

Segurando minhas mãos me ajudaste a fazer uma vaso
Vaso pequeno, mas capaz de suportar tantas tempestades,
Temperatura quente, temperatura fria, tremores de terra...

Ah! Como eu queria outros vasos iguais aquele...
Queria um para cada canto da casa
Queria usá-los para guardar flores,
Colocar água...

Mas sozinha não consigo fazê-lo,
Preciso de tuas mãos...
Preciso que tuas mãos guiem as minhas mãos
Para fazermos vasos maiores
Vários vasos
De vários tipos.

Ajuda-me!
Segura minhas mãos?

terça-feira, 6 de maio de 2008

Sou eu...

Quisera eu não saber quem eu sou. Ser um mistério crescente, cheio de glórias, de louvor. Quisera eu compreender-me, na mais profunda essência, justificando cada falha, colocando culpa na religião ou na ciência. Quisera eu ser mais complexa, cheia de códigos e entrelaçados...dar dor de cabeça ao meu amado, despertando curiosidade a toda hora. Quisera eu orgulhar-me do início ao fim da graça de Deus em mim, olhando para dentro e descobrindo facetas únicas, que me motivem a mostrar sempre o melhor de mim.. Não quero permanecer no pretérito mais-que-perfeito. Afinal, sou quase uma mulher Balzaquiana (um quase mais para longe, do que para perto) e preciso romper com o que me aprisiona e me faz ser o que muitas vezes nem sou. Previsível. E por que não? É previsível que hoje eu ame e amanhã odeie... que hoje queira sal, amanhã açúcar... que hoje eu me alegre com o sol, mas amanhã eu prefira a chuva... sim, isso também é previsível. Como é previsível eu começar e terminar antes que acabe... qual o problema? Pior seria terminar antes de começar. Sim, às vezes me utilizo de uma rala filosofia (se é que a filosofia permite tamanho insulto).Mudar? Tentativas em vão. Melhor é esquecer quem sou e tentar me redescobrir a cada dia como se o velho fosse novo, daí viver com a ilusão de que sou uma nova pessoa, transformada a partir de uma luta, um esforço, ou melhor, uma batalha comigo mesma. Batalha esta que me traria ao pódio como vencedora... pois, afinal, a luta era eu contra eu mesma...e mesmo que o placar fosse zero x zero, mesmo assim, eu seria vitoriosa. Louca? Bom, aqui tenho minhas dúvidas. Nem sei o que prefiro: ser ou não ser? Quanto a isso ainda não tenho conceitos formados, se é que loucos têm conceitos. Assim prefiro não ter nada a declarar. E não me julguem...pois em algum momento da vida a gente que ter nada a declarar... o nada também precisa ser declarado... e não só pelos que são culpados... acredito que os inocentes também têm esse direito. Tudo bem, deixo com vocês essa árdua tarefa... a partir daqui, quem sou, fica por conta de vocês. Mas não exagerem... vamos com calma.

Sou eu...

Quisera eu não saber quem eu sou. Ser um mistério crescente, cheio de glórias, de louvor. Quisera eu compreender-me, na mais profunda essência, justificando cada falha, colocando culpa na religião ou na ciência. Quisera eu ser mais complexa, cheia de códigos e entrelaçados...dar dor de cabeça ao meu amado, despertando curiosidade a toda hora. Quisera eu orgulhar-me do início ao fim da graça de Deus em mim, olhando para dentro e descobrindo facetas únicas, que me motivem a mostrar sempre o melhor de mim.. Não quero permanecer no pretérito mais-que-perfeito. Afinal, sou quase uma mulher Balzaquiana (um quase mais para longe, do que para perto) e preciso romper com o que me aprisiona e me faz ser o que muitas vezes nem sou. Previsível. E por que não? É previsível que hoje eu ame e amanhã odeie... que hoje queira sal, amanhã açúcar... que hoje eu me alegre com o sol, mas amanhã eu prefira a chuva... sim, isso também é previsível. Como é previsível eu começar e terminar antes que acabe... qual o problema? Pior seria terminar antes de começar. Sim, às vezes me utilizo de uma rala filosofia (se é que a filosofia permite tamanho insulto).Mudar? Tentativas em vão. Melhor é esquecer quem sou e tentar me redescobrir a cada dia como se o velho fosse novo, daí viver com a ilusão de que sou uma nova pessoa, transformada a partir de uma luta, um esforço, ou melhor, uma batalha consigo mesma. Batalha esta que me traria ao pódio como vencedora... pois, afinal, a luta era eu contra eu mesma...e mesmo que o placar fosse zero x zero, mesmo assim, eu seria vitoriosa. Louca? Bom, aqui tenho minhas dúvidas. Nem sei o que prefiro: ser ou não ser? Quanto a isso ainda não tenho conceitos formados, se é que loucos têm conceitos. Assim prefiro não ter nada a declarar. E não me julguem...pois em algum momento da vida a gente que ter nada a declarar... o nada também precisa ser declarado... e não só pelos que são culpados... acredito que os inocentes também têm esse direito. Tudo bem, deixo com vocês essa árdua tarefa... a partir daqui, quem sou, fica por conta de vocês. Mas não exagerem... vamos com calma.

Labirinto

Labirinto
"Labirinto" me reporta a curvas, traços sinuosos de uma curva em volta de si mesmo, sensualidade sombreada por uma muralha de tijolos de pano, vestes que escondem, protegem mas também aprisionam...rs"