quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Restaurando...

Estou lapidando meu cérebro!
Não há mais espaço.
Lembranças inoportunas deverão ser liquidadas.
O objetivo é fazer com que as informações velhas cedam seus lugares para as informações novas.
Um dos critérios de seleção refere-se à intensidade da dor que se tem no instante da recordação.
Quanto maior a dor, maior a probabilidade da informação ser deletada.
Levar-se-á em consideração, também, quais informações (embora inúteis) servirão para o seu futuro... informações estas relacionadas à carreira profissional (afinal é o único campo pelo qual somos obrigados a fazer algum esforço)... assim, este tipo de conteúdo permanecerá no cérebro, no entanto, ficará na 2ª classe.
Na 1ª classe ficarão lembranças futuristas. Sonhos constantemente lembrados que acabaram conquistando um lugar especial, superior às lembranças reais.
E, então, peço licença a Cecília e digo: “Tudo estará perfeito, praia lisa, águas ordenadas... meus olhos secos como pedras e as minhas duas mãos quebradas”.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Escrevendo sobre escrever...

Escrever, para mim, é derramar sentimentos num rio enorme... e, assim, a correnteza vai levando todas as palavras para a terra do nunca, onde ninguém sabe ao certo quem será banhado pela água que corre. Escreve-se porque chega um momento em que as palavras preenchem a nossa alma de tal forma que começam a transbordar o nosso espírito...e é preciso transformá-las em matéria antes que sejam perdidas no imenso infinito de nossas mentes. Escrevo sem pensar na forma, na estética ou qualquer coisa que possa bloquear a verdade de meus escritos. Escrevo de forma simples... somente pelo prazer de registrar meus sentimentos (vezes ingênuos). Por que registro? Porque gosto e porque posso fazê-lo. E é com gozo que faço o que minha capacidade permite fazer. Meus escritos, vezes tolos, vezes sem nexo, mostram um pouco de quem sou. Não! Não me considero tola, mas meus escritos o são. Isso porque apresentam minhas idealizações, meus instantes de febre, minha loucuras mega-passageiras, minhas raivas inconstantes e minhas inquietações eternas... Amo tudo que se relacione à arte...criar e recriar é o que me faz ter entusiasmo pela vida. Por isso aceito críticas, pois sei que me ajudarão a repensar as minhas idéias...

Escuridão

Na escuridão eu era mais feliz
Reconhecia-o pelas minhas mãos,
Na descoberta de cada curva de teu corpo,
Sentia-me mais amada.

Meu erro foi abrir a janela
E deixar uma fresta de luz entrar...
Luz envolvente,
Sublime cor do luar,
Transparente, mas profunda,
Invadiu-me disposta a me completar.

O valor do olhar agora inquestionável
Fez- me perceber o que minhas mãos não viram,
Teu semblante antes meigo e sereno,
Parece agora amargo e frio.

Por que abri a janela?
Se mais feliz eu era na escuridão?

Tento agora fechar a janela,
Mas a fechadura quebrou.
Por mais que eu tente deixá-la ao menos encostada,
Quando o vento forte surge em meio ao nada,
Bate com força na janela,
Deixando um barulho inquietante,
E a luz continua a invadir o quarto escuro...

E fico horas tentando dormir,
Por mais que seja difícil,
O melhor é dormir com a frieza da janela aberta.

Labirinto

Perdida dentro de mim
Caminho no escuro de meu labirinto
Batendo desesperadamente em cada parede, em cada esquina...

Almejando uma saída
Sinto-me sufocada.
As paredes me parecem muralhas
Que estreitam-se a cada passo meu.

Vezes desmaio na ânsia de sonhar.
Em vão luto para não acordar
Tentando me achar naquele sono profundo...

Novamente acordada, vejo-me em meio ao labirinto
E vou farejando um ar puro
Que não tenha paredes, muralhas...
Que eu me sinta livre ao menos por um instante...

Tempo perdido,Desejo não concedido!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Bêbada

Sinto-me bêbada,
Como se estivesse numa dimensão superior a todos os que habitam esse planeta
Como se minha mente estivesse em férias
E o meu corpo fosse perdendo as forças devagar...

Meu estômago, antes eufórico,
Parece que agora se acalma sem a ajuda da ciência.
Meus olhos, tristes e profundos,
Olha o mundo ao redor, mas não o vê.

Sinto-me bêbada,
E há dias sonho com a ressaca que não vem,
Quisera esta ser como a do mar:
Avassaladora, dinâmica e transformadora...

Será que me tornei alcoolista?
E esse sentimento que estaciona entre a dor e a angústia, nunca vai passar?

Quisera eu ter o poder de controlar esses sentimentos
(se é que são sentimentos).
Pudera eu acordar de um sonho
Um sonho bom.

Não, não quero acordar,
Entre o sonho e a lucidez vou permanecer perdida.
E no dia em que eu descobrir
Qual bebida me deixou assim,
Sem dúvida, minha vida finda.

Incomoda-me

Incomoda-me o olhar centralizado,
o olhar enquadrado,
a mente prisioneira,
a maturidade aparente.

Incomoda-me a falta de sensibilidade,
o pensamento pequeno,
a falta de ousadia.

Incomoda-me quem não consegue ver através de sua janela suja...

Incomoda-me quem do mar só abstrai as ondas...

Como pode alguém enclausurar-se numa bolha de pensamentos vãos,
E fechar-se para um longo desafio?
Como aceitar que o medo seja mais forte do que o sentimento que avassala a vida?

Incomoda-me aqueles que não se incomodam com a acomodação.

Travessia

Pintamos o nosso caminho
Com tintas imaginárias
E pincelamos tudo o aquilo que desejamos ver.

Até a nossa própria dor nós pintamos
Conscientes da consciência das obras de artes
Vamos moldando nossa travessia
Com flores ou espinhos,
Até chegar o momento de perguntarmos:
-O que eu fiz para merecer isso?

Só temos direito a uma travessia.
Não há como voltar para observarmos as nossas falhas,
Só nos restam as boas lembranças
Para que, cientes de nossos erros, modifiquemos nossa história.

Podemos fazer novos quadros!
Podemos mudar as cores,
Mudar a paisagem,
Aprender novas técnicas de pintura...

Muita coisa pode ainda ser feita,
Desde que dentro de nós exista sensibilidade...
Inspiração,
Luz...

Só vemos aquilo que escolhemos ver!

Labirinto

Labirinto
"Labirinto" me reporta a curvas, traços sinuosos de uma curva em volta de si mesmo, sensualidade sombreada por uma muralha de tijolos de pano, vestes que escondem, protegem mas também aprisionam...rs"